Outro dia, ocorreu-me o pensamento (extremamente negativo) que, quando a discussão é “o que as mulheres querem”, vocês parecem viver um tenebroso ciclo argumentativo (qualquer semelhança com a realidade não sendo mera coincidência) composto por:
errar → mudar → errar de novo → desistir → nos culpar → e seguir sem entender o que procuramos.
[1. Justificativa do tema]
Cansei de vê-los sofrer em tais momentos.
Motivada pelo atual estudo de Pesquisa em Comunicação Social, depois de cuidadosa e extensa observação de uma amostra x de meninas e y de meninos, no período de 1984 a 2007, elaborei como relatório uma lista básica do que nós, meninas, acreditamos ser o mais importante em vocês, rapazes.
[2. Delimitação do tema]
Todos os tópicos dizem respeito particularmente à interação conosco.
[3. Objetivo]
Eles podem ajudá-los a descobrir, afinal, o que esperamos de vocês.
[4. Resultado de pesquisas de campo e bibliográficas]
Primeiramente, saibam que homens devem gostar de mulheres. Não, não é nenhum comentário homofóbico, nem se apresse em colocar um “check” nesse primeiro item. Gostar, aqui, é bem mais que sua escolha sexual.
Gostar, aqui, é ter aquele fascínio nos olhos diante dos movimentos, das reações e das palavras tipicamente femininas.
É aquele quê de Vinícius de Moraes, ao dizer: “uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade”.
É esse fascínio pelas diferenças e, em especial, pela delicadeza que é tão nossa.
É, ainda, ter o brilho nos olhos – e aquela água na boca – ao falar da mulher perfeita, da mais linda ou da sua.
É ver um destaque na redução imprecisa do início do tópico: gostar de mulher.
Em segundo lugar, homens devem ser corajosos. Por vezes, até, ousados.
Ousadia, além de charme, traz um elemento de convicção interessantíssimo.
Nem toda a assim-chamada “libertação” feminina conseguiu tirar do homem essa graça de chegar na mulher por quem ele se interessou.
Hoje, podemos até dar o primeiro passo, por vezes. Mas ganha pontos aquele que tem a coragem de abordar.
A leitura é simples: “eu tento, porque se ela não me quiser, só quem perde é ela”.
É aí que está a tal convicção, tão atraente. Na mulher, fica o pensamento “ele deve ter motivos pra ser tão seguro... senão não teria essa coragem toda”.
Mulher não apóia insegurança masculina. Isso a gente já tem. E já estabeleceram por aí que as forças que se atraem são as opostas.
Em terceiro lugar, homens precisam pensar. Mais uma vez: pensar não é apenas aquela atividade desenvolvida por todo e qualquer homo sapiens. Pensar envolve curiosidade, criatividade, cultura, inteligência, perspicácia e até expressão coerente.
Aliás, falar bem é condição sine qua non. E me parece que quem pensa bem fala melhor ainda.
Em quarto lugar, homens devem ser intrigantes.
É preciso manter aquele tom de mistério, manter as diferenças no ar.
É fundamental não dizer tudo, não chegar nem perto de extremos.
Nós, mulheres, somos estudiosas do funcionamento da mente masculina, e, ao contrário de vocês, dificilmente diríamos que “deveriam vir com manual”.
Fazem parte do thrill descobrir aos poucos, pensar e repensar, concluir, e, acima de tudo, ser surpreendida.
Aliás, homens devem trabalhar sempre com o elemento surpresa. Ele pode ser a diferença entre o ‘sim’ e o ‘não’ (Vinícius, que foi casado nove vezes, com mulheres das mais inteligentes e belas, parecia saber disso: “a hora do sim é o descuido do não”, cantava).
E, por fim, homens devem ser educados. Acredite: isso faz toda a diferença.
Homens devem se portar bem, escolher bem as palavras, ter boas maneiras.
Aliás, a qualidade chamada cavalheirismo talvez seja a mais facilmente traduzida em ações, expostas a qualquer olhar, a todo tempo. E homens cavalheiros serão corteses. E cortesia é o par perfeito para a delicadeza feminina.
[5. Hipótese]
No entanto, além desses pontos, vocês precisam ser únicos. É importantíssimo que sua escolhida acredite que nunca encontraria ninguém igual a você. Isso porque você tem aquela combinação de qualidades fundamentais e mais aquela uma coisinha que é só sua. Pra essa aí não há lista de possibilidades, nem fórmula, nem, possivelmente, descrição... só depende de você e dos olhos da sua respectiva. Do contrário, todos vocês seriam apaixonados por La Bündchen e todas nós por Hugh Jackman, com todas aquelas qualidades hors concours.
[6. Conclusão I]
Prasermuitosincera, meninos, meus estudos indicam que não adianta ter tudo o que foi citado pelos entrevistados se não houver uma sintonia que traz essa singularidade aos olhos.
[7. Conclusão II]
Portanto, como toda pesquisa deve trazer algo de essencialmente novo para a sociedade, juro que não me cansarei mais ao ouví-los dizer que não sabem o que queremos. Entendi que, de fato, não podem (nem devem) saber.
Quando descobrirem – e descobrirão de uma amostra unitária, pois minha pesquisa também aponta que não há regra que leve a conjuntos – saberão o que precisam fazer.
Fica, no entanto, o lembrete que, nos resultados acima, como humilde contribuição, está o MÍNIMO exigido.
O resto é com vocês, Darwin, Merlin ou a Mãe Natureza.
Rafa
@rafaelamorais