Conversando com o amigo que me ensinou boa parte do que eu sei sobre a mente masculina, lembrei-me do momento (protagonizado, inclusive, por ele) quando senti que meu mundo mudaria. Conversávamos, como de costume, sobre meninos, meninas, relacionamentos, etc, até que surgiu o tópico da percepção dos eventos, ou, melhor posto, dos erros. Ali, eu compreendi porque meninos não costumam ter tantas dúvidas quanto meninas, não costumam se arrepender tanto quanto nós, ou, ainda, via de regra, pensar tanto quanto a gente. A filosofia dos rapazes é muito simples e, uma vez compreendida, eles também se tornam muito simples.
Para os moços, tudo se resume ao momento, aos poucos segundos quando sua cabeça toma uma decisão, envolvida em um contexto qualquer. Meninas, nesses momentos, projetarão, pensarão em consequências, desdobramentos, possibilidades, repercussão... Rapazes, não. Homens focam, apenas, no que lhes vem à mente naquele instante, no que eles querem ali e então, no que será melhor para eles naquele exato lugar, àquela exata hora. Não há divagações para frente, assim como não haverá uma volta àquele momento da decisão posteriormente. Se a decisão não for a melhor, isso ficará claro para eles ainda naquele mesmo instante e, portanto, não haverá a necessidade de reviver aquilo que foi um mero erro. Daí a incapacidade dos meninos de compreender o que nós fazemos, analisando as situações que já passaram, conversando, discutindo, querendo mexer nas coisas que, na verdade, já estão feitas. Toda menina já escutou de algum rapaz que o que ela estava fazendo era "remoendo". É assim que os rapazes chamam nosso hábito instintivo de repassar o que aconteceu, na tentativa, ingênua, de mudar as coisas ou mesmo de aprender com os erros passados.
Para os rapazes isso se processa de maneira muito mais objetiva e, creio eu, muito mais lógica. Um erro pode ser chamado, metaforicamente, de uma pancada, correto? Então, sigamos com uma alegoria de uma pancada, real. Digamos que vc esteja andando, em sua casa, e, de repente, dê aquela trombada contra uma quina de uma mesa mal posicionada. Meninos pensarão: "P****! Essa m**** dessa mesa no meio do caminho!!!" e continuarão seu caminho. Da próxima vez, já passarão de ladinho pelos arredores da maldita mesa. A lição foi, portanto, aprendida. Instantaneamente. Não há a menor necessidade de, sempre que se olhar para aquele machucado, reviver o momento da porrada. Não há, tampouco, a necessidade de entender as causas, os motivos, a repercussão, daquele erro de cálculo. Isso foi tudo: um erro de cálculo. E a vida continua com aquela marca, uma lição imediata, e nenhum tempo perdido "remoendo" aquele deslize.
Assim agirão, também, em suas vidas afetivas. Percebido o momento da decisão, a melhor opção será sempre a que lhe pareça melhor ainda naquele instante, e, errando, a lição será aprendida ainda ali, sem nenhuma necessidade de estendê-la a sequer um dia mais. Para corrigir qualquer mal-estar momentâneo, os meninos contam com o belíssimo treinamento de guerra que possuem: vê-se o caminho escolhido indo para um lado errado, e muda-se, imediatamente, de estratégia. Nós - ou, ainda, aquelas de nós que não puderam perceber (e aderir a) essa política fantástica masculina - ficamos presas no momento, sem compreender as mudanças pontuais nem aquelas à longo prazo, no papel de vítimas indefesas que tantas parecem incorporar como estilo de vida.
Eu sempre fui a favor de certas posturas masculinas. Sempre achei que meninos tem uma lógica própria e extremamente eficiente, a qual podemos aprender, e podemos lucrar muitíssimo com isso. A filosofia do momento é, antes de mais nada, benéfica - à saúde, aos relacionamentos e à igualdade de gêneros. Uma vez compreendida, nossas vidas se tornam mais simples - e, convenhamos, todas precisamos de mais simplicidade em nossas vidas. Que os meninos continuem dizendo que somos complexas, ok. Ótimo que não saibam o que pensamos, como agimos. O elemento surpresa é nosso aliado, deve fazer parte de nossas estratégias. Nós, no entanto, não temos motivos para inquietações por causa de meninos. Se conhecimento é poder, meninas, notem que o poder é todo nosso.
Rafa
@rafaelamorais
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário