domingo, 27 de fevereiro de 2011

A escolha (ou a falta dela)

"As mulheres passam a vida inteira querendo o príncipe encantado... e casam com o cara que tem um bom emprego". Ouvi essa frase, hoje, em um filme muito ruim - que eu não vou nem citar, para ninguém assistir e dizer que fui eu que indiquei. É uma grande verdade, no entanto, talvez com algumas variações nessa segunda parte. A minha pergunta, como sempre, é "Por quê, hein?".

Homem, para mulher, não é escolha: é oportunidade. Mulheres só começam o processo de escolha do cara depois que o cara já está garantido. É tipo: "Bom, ele me quer... agora, vou ver se quero ele". Não é à toa que, depois de um tempinho de namoro, surgem tantos questionamentos nas cabecinhas femininas. Não escolheram antes de engatar o namoro, então, vão querer escolher depois! Aí, é o cara que paga o pato: vai ter que provar que é inteligente, que é legal, que é carinhoso, que é romântico... Se falhar, procure abrigo (ou plugs de ouvido): é DR certa.

Os rapazes não são assim. Observe que eles levam um certo tempo para decidir se vai rolar namoro. Aquele tempo em que você sofre horrores esperando ele ligar, ele te chamar para sair, ele querer te apresentar aos amigos deles e daí em diante. Eles estão vendo, neste tempo, o que é aceitável para eles, entre tudo o que você faz. Não, não é um processo tão consciente, porque os rapazes não são assim tão... ligados, digamos. Mas é instintivo, assim como a maioria das boas ações masculinas.

Eu tenho um amigo que resumiu isso muito bem, algum dia: "Homem pensa antes de comprar. Quando escolhe, volta na loja e paga à vista. Mulher é impulsiva, não quer sair do shopping de mão vazia, então compra qualquer coisa e parcela". A isso eu só devo acrescentar dois pontos. O primeiro é que dessa atitude feminina vem o famoso remorso de comprador. Depois de comprar, você vai, claro, se perguntar se você precisava mesmo daquilo, se valeu a pena, se não é melhor trocar, e por aí vai. O segundo é que mulher adora uma promoção. Comprar barato faz ela se sentir infinitamente melhor. Claro: é mínimo esforço, porque a vantagem do preço elimina qualquer indecisão.

Nada mais lógico, portanto, que as mulheres se entregarem logo pros caras mais facéis. E os mais fáceis são, óbviamente, os que já escolheram elas. E o pior é que mulher acha que decide. E, realmente, decide algumas poucas coisas, como, por exemplo, quem é paquerável e quem não é - nisso, homem é mais flexível, por assim dizer. Mas, encaremos os fatos: mulher não escolhe - ela se deixa escolher. Por isso, vemos tanto os seguintes casos: amiga super baladeira engata um namoro com um cara que odeia pisar fora de casa; amiga super cult se encanta com um rapaz que nunca leu um livro na vida; amiga super praieira aparece com um notívago, que só trabalha com olhos-abertos-de-manhã quando vai para uma rave.  

Mas não se engane: a recíproca não é verdadeira. Esses rapazes escolheram essas meninas. O super nerd que acaba com a menina que não passaria nem no vestibular da FAIL seguramente nunca quis ninguém junto dele puxando assunto sobre teoria da relatividade. Nós escolhemos pela facilidade. Os rapazes sempre tem lá suas razões (por mais questionáveis que possam parecer). Nós nos jogamos de cabeça para, depois, aparecerem todas as DRs, todos os questionamentos, toda a indecisão. No pior caso, todo o arrependimento de ter tentado com aquele cidadão que você sabia, no fundo, no fundo, desde o começo, que realmente não era para você.

Eu acho que todo o problema feminino, nesse caso, se resume a uma enorme impulsividade (como aquela das promoções), combinada com uma boa e endêmica dose de insegurança. Como essa segunda é mais difícil de resolver, nosso maior trabalho, portanto, tem que ser controlar essa agonia, essa pressa de resolver a situação com os rapazes - ou seja, de saber que o cara te quer antes mesmo de você decidir se quer ele. Vamos, portanto, amigas, tentar ter calma. Afinal, eu duvido que, ao contrário da cabeça, o coração se apresse por qualquer um. Quando você notar que ele está batendo bem rápido, aí, sim. Aí... De que eu estava falando mesmo?


Rafa
@rafaelamorais

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