Meninas, nós, realmente, somos contradições ambulantes. Já notaram como nós conseguimos ser super cruéis em relação à roupa de uma amiga e, ao mesmo tempo, tão generosas quando falamos dos rapazes? "Ele não teve culpa, foi ela que ficou atrás dele", "Isso acontece com todo mundo, amor", "Ele não é lindo, mas é um fofo", e daí em diante.
Porque eu jogo pelo time, eu vou, claro, falar só dessa nossa generosidade. Essa foi uma das primeiras lições sobre gênero que eu aprendi e, vez por outra, escuto uma vozinha na minha cabeça que diz "Mulher é um bicho muito generoso". Sei bem de quem é essa voz: do meu tio preferido, apesar de não ser tio de fato, Leimar. Profundo conhecer do universo feminino, essa não foi, claro, a única lição que ele me ensinou - mas, por hoje, vou compartilhar só ela. Aliás, quão interessante é o fato de que eu tive que aprender com um homem sobre a minha raça, hein? Deve ser por isso que eu vivo oferecendo pareceres e teorias aos meninos de como a espécie deles age ou deve agir...
Voltando: somos, sim, bastante críticas com nós mesmas - e umas com as outras. Quando o avaliado é um rapaz, no entanto, especialmente se há sentimentos envolvidos, o negócio muda completa e assustadoramente. Essa história de "quem ama o feio bonito lhe parece", por exemplo, só pode ter sido inventada por uma mulher. Vinícius, homem que era, dizia algo totalmente diferente (vocês lembram do "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental", não é?). Meninas não se apaixonam: ficam cegas. Aliás, surdas também, na maioria das vezes ("Ele não é brilhante, mas tem umas opiniões muito interessantes"). E mudas... bom, mudas já seria mais difícil, quando estamos falando de mulheres.
Bom, nossa capacidade de alterar a realidade (pelo menos em nossas descrições) é surpreendente. Eu só vejo uma explicação pra isso: não é segredo que mulher sonha com um príncipe encantado, perfeito, inteligente e, claro, bonito-que-jogue-bola-e-dance. Voltemos um pouco: não é segredo que mulher SONHA. Também não é novidade (que Freud me ajude nessa frase) que os limites entre o que se vê e o que se é, de fato, são meros borrões, projetados pelo nosso estado consciente e desconhecidos do nosso subconsciente. Traduzindo: a gente vê o que a gente quer. O engraçado, pra mim, é como isso costuma acontecer tanto com mulheres e não tanto com os rapazes... Mas aí entra a beleza das diferenças de gêneros (que, talvez até, só eu veja).
Homens, para as meninas, vem em combos. Explico: ele é inteligente (fato comprovável) = ele é bonito (coisa da sua cabeça). Ele é bonito (fato inegável) = ele é inteligente (só com você, né? sei como é....). A gente não se contenta com só uma coisa, porque, claro, o príncipe dos sonhos é tudo (tu-do), e você está apostando que ele será seu príncipe (pra citar Vinícius novamente, pelo menos "enquanto dure"). Essa é a única explicação que eu vejo pra tanta coisa que eu não vejo nas paixonites das amigas (e que elas não vêem, claro, nas minhas).
E, como eu sou mulher, e trabalho com combos, preciso terminar com uma breve nota sobre a relação entre nossa crueldade e nossa generosidade. Imaginem comigo:
1. Amiga chega pra a best e diz que o namorado é tudo;
2. Best conhece o namorado e...
3. Fim
Rafa
@rafaelamorais
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