Esse domingo, 14, é o dia de São Valentim, que, no resto do mundo quase todo, é padroeiro dos casais. Por isso, é nesse dia que se costuma comemorar o Dia dos Namorados - diferente daqui, já que nosso Dia dos Namorados ficou estabelecido em 12 de junho, simplesmente* porque não havia movimento no comércio dessa época.
Motivada pelo espírito de São Valentim, ofereço 10 dicas para os belos (e árduos) momentos em que vocês, meninos, quiserem agradar as suas respectivas com um presentinho que tente reforçar o que vocês sentem por ela. Porque, como quase tudo em relação às mulheres, isto não é tão simples ou fácil quanto parece.
1o. Lembrem do fator timing. Flores e presentes fora de hora podem significar que você fez besteira e está arrependido. Flores esperadas, em datas em que é de praxe dar flores, também serão mal vistas. O pensamento pode ser: “Poxa, ele num se deu nem ao trabalho de pensar em algo. Fez o que todo mundo faz!”. O ideal é dar flores quando tudo estiver ótimo (para assegurá-la de que tudo continuará assim) e presentes criativos nas datas clichê, como o Dia dos Namorados.
2o. A intenção conta. É importante querer agradar, sim. No entanto, vocês, quando dão flores/presentes, não parecem querer só o “Olha, que legal da parte dele!”. Vocês querem: “Ooooooooohn... Ele é liiiiiiiiindo e me ama!”. Baixem as expectativas. Mulheres são muito mais difíceis do que isso. Isso que vendem para vocês, por exemplo, nos filmes, nas lojas, nas revistas, de “Dê flores e se dê bem” é puro marketing. Esse não pode ser um objetivo descarado.
3o. Saibam fazer. Não queremos flores nem presentes: queremos que vocês queiram nos dar flores e presentes. Se num botar um sorriso na cara, se o olhinho num brilhar, se a hora escolhida para a entrega num for a melhor para ela, não vai funcionar. Nós somos muito mais exigentes do que isso. Tanto que a melhor flor que uma mulher pode receber na vida é aquela que o cara teve que pular um muro, enfrentar um pitbull, sair debaixo de grito da casa do major, para conseguir. E nem é tão bonita, nem são muitas. Mas é a que requer mais esforço, e parece ser isso que conta.
4o. Ainda no savoir-faire, na ideia de que você tem que querer dar flores/presentes, querer meeeesmo, enfatizemos que não pode haver motivos ocultos – ou, pelo amor de Deus, não deixe a sujeita notar que há! E, ainda que nem haja, evite parecer que havia. Explico: você deu o presente, ela amou, tal. Ainda no mesmo dia, apesar de horas depois, você solta um: “Amor, eu queria que você fizesse tal coisa...” – aí vocês são livres para imaginar o que isso pode ser: um programa de índio, uma ajudinha fora de hora, uma negociação que ela já havia morgado antes, etc. Pronto. As flores, por exemplo, morrem naquele momento, num chegam nem a ir pro vaso para morrer dentro de alguns dias. Ela, imediatamente, pensará: “Aaaah, foi por isso...”. Nós, com nossas carinhas de bobas e simpáticas, somos muito mais maquiavélicas do que vocês imaginam. Sim, NÓS faríamos isso, bolaríamos planos desse tipo. Vocês, em geral, não fazem: são tão simples quanto se pode ver em uma ação, em um momento (ainda que, exatamente por isso, amadorizem em muitos momentos). Por isso, fica o alerta.
5o. Mais uma vez, a palavra de ordem aqui é “esforço”. Com isso dito, vamos abrir mais o leque de opções, de flores/presentes para qualquer tipo de ação. Com presentes, a dinâmica funciona bem parecida à das flores, o ideal é: “Ele não comprou porque eu preciso disso. Ele comprou porque pensou em mim. Ele pensa em mim, logo, ele realmente gosta de mim” (opinião pessoal: mulheres deveriam ser proibidas de construir silogismos). Sobre as ações, vamos com um exemplo. O cara foi, digamos, para Porto, a trabalho. Liga para a namorada, já no fim do dia, e diz: “Vou ter que ficar aqui até amanhã. Mas por que você não vem dormir aqui?”. Ela já está lá de camisola, depois de um dia de três brigas com o chefe, e ainda vem o moço pedir esse esforço todo só porque ele não soube prever que, "obviamente", isso aconteceria? Ela se irrita e diz: “Mas de jeito nenhum! Eu estou morta de cansada, vou terminar dormindo no volante!”. Ele, com toda boa vontade, replica: “Eu volto para lhe pegar e a gente volta para cá”. Ela, imediatamente, pensa: “Meu Deus, ele realmente quer que eu vá!”. Na realidade, ele, de repente, realmente não está é querendo ficar lá, não agüenta mais os chefes, queria muito voltar para pegar uma roupinha limpa e, afinal, é a empresa que está pagando a gasolina... Porque homens são assim: práticos e claros assim. Só a gente não vê.
6o. Mulher trabalha com peso na consciência. Vocês, meninos, num sabem muito bem o que é isso. Vocês raramente pensam a posteriori, é "fez, está feito e pronto". A gente, não. A gente repensa, imagina cenários diferentes, se arrepende, chora, volta ao assunto e toda aquela chatice que vocês conhecem. Esta é uma grande diferença entre meninos e meninas. Portanto, ao invés de, simplesmente, ficar reclamando que mulheres ficam “remoendo” os problemas, trabalhem com isso, tirem proveito disso. Não há nada mais impactante para uma mulher que pensar: “Poxa, ele foi tão ótimo comigo e eu fui péssima com ele...”. Essa é a brecha que permite que vocês pintem e bordem por um tempo, com todo o crédito que vocês ganharam. Saiba encarar o presente ou a boa ação, ainda que eles te dêem um pouco de trabalho, como um investimento. Você, seguramente, será recompensado – se souber trabalhar, discretamente, com isso.
7o. Pesquisem um pouco antes de comprar qualquer coisa. Não custa nada. Por exemplo, se sua namorada é viciada em bolsas e você quiser dar uma bolsa para ela, não corra o risco de comprar uma branca quando ela odeia bolsas dessa cor – e, exatamente por isso, não tem nenhuma. Ou, ela pode adorá-las, mas já ter doze no guarda-roupa. Dê uma olhadinha, pergunte a alguma amiga, faça sua tarefinha de casa.
8o. Não deixe nunca, jamais, para comprar algo de última hora. Isso é uma constante com os meninos: dia 23 de dezembro (senão dia 24 mesmo), 11 de junho (senão 12 mesmo), os shoppings estão lotados de maridos e namorados à espera do milagre de encontrar algo perfeito e rápido. Eu sei, eu sei, sair para comprar presentes é um saco, eu também acho. E, afinal, procrastinar é viver! Mas, há bastantes razões para você não fazer isso. 1) Não corra o risco de não achar algo e sair de mãos abanando; 2) Não corra o risco de não achar algo e comprar qualquer coisa; 3) Não corra o risco de deixar escapar que você só comprou o maldito presente naquele dia, na frente dela, e que isso foi uma missão insuportável para você. O presente perderá toda a graça aí: ela vai pensar que não houve consideração-cuidado-carinho naquele processo. Pontos negativos para você.
9o. Caso você tenha precisado de ajuda para escolher o presente, não deixe escapar que foi aquela amiga gatíssima dela (e que ela sempre achou meio periguete) que passou a tarde zanzando pelo shopping com você e ainda deu a palavra final na escolha. Mulheres vivem a eterna ilusão que o que você ganha de presente te diz o quanto a outra pessoa te conhece. Assim sendo, omita esse fato de que quem a conhece tão bem é aquela amiga danadinha. E, claro, esconda as pistas, porque, se ela, por exemplo, souber pela amiga... Há chances do presente ir parar numa caixa na sua portaria pouco depois. Se certifique de ser uma amiga tão “danada” que curtirá ter esse segredinho entre vocês.
10o. Não esqueça do cartão. Essa é uma ótima oportunidade para você dizer tudo aquilo que você sabe que ela quer que você diga e você, simplesmente, num é desses. Nada de frases prontas, poemas copiados, Hallmark, nada do tipo. Nem precisa ser um cartão de verdade, que você pode nem ter saco para escolher, mas tome o trabalho de escrever algo num papelzinho qualquer. Mais um motivo para não deixar tudo para a última hora, já que você precisará parar um pouco para desenrolar essa bronca. Na falta de frases bonitas, escreva, simplesmente, o quanto você gosta de estar com ela e cite umas três características dela que fazem você ser louco por ela. Pronto, aí não tem erro. Será: “Ele me conhece tão bem, a gente se dá tão bem junto...” e você já vai ganhar mais um tempinho de tranquilidade – e paciência – da sua digníssima.
Rafa
@rafaelamorais
* Na realidade, 12 de junho é véspera do dia de Santo Antônio, que, aqui, é tido como "o santo casamenteiro". Usam isso como desculpa para a escolha do Dia dos Namorados. Mas, há quem garanta que a escolha da data não foi, de forma alguma, por conta disso. Imaginem se comemorássemos o Dia dos Namorados agora em fevereiro... Esse ano, por exemplo, em pleno carnaval! Seria até injusto...
Sem comentários:
Enviar um comentário